26 de janeiro de 2012

Um pouco de Formação


Ontem tivemos o primeiro de catequistas, este ano, em nossa Paróquia, onde fizemos uma breve avaliação da nossa caminhada em 2011 e traçamos novas metas para este ano. Nossa querida irmã Piedade nos proporcionou um momento maravilhoso de reflexão. Inicialmente, fizemos a leitura do seguinte Evangelho: Lc 22, 24-27

Ora, houve uma discussão entre eles sobre qual deles devia ser considerado o maior. Jesus, porém, lhes disse: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que exercem o poder se fazem chamar benfeitores. Entre vós, não deve ser assim. Pelo contrário, o maior entre vós seja como o mais novo, e o que manda, como quem está servindo. Afinal, quem é o maior: o que está à mesa ou o que está servindo? Não é aquele que está à mesa? Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve.

Em seguida, ouvimos um trecho da crônica “O Padeiro” de Rubem Braga.


O Padeiro
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.  
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:  - Não é ninguém, é o padeiro!  Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?  ”Então você não é ninguém?”  Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.
Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém…  
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.
Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.  Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome.
O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!” E assobiava pelas escadas.  
Texto extraído do livro: Para gostar de ler, Vol I -Crônicas . Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. 12ª Edição. Editora Ática. São Paulo. 1989. P.63 – 64. 
Após estas leituras, fizemos um momento de reflexão, trazendo estas mensagens para a nossa realidade. Nós, que muitas vezes, queremos ser notados e aplaudidos pelo trabalho que desempenhamos em nossa comunidade, devemos estar atentos para o que Jesus nos pediu: Seja aquele que serve! Ele mesmo nos mostrou com seu próprio testemunho, como devemos agir para receber a recompensa de Deus. Sabemos que não é fácil, mas, como a irmã bem nos lembrou, nós somos chamados a fazer a DIFERENÇA e não a INDIFERENÇA. Cabe a nós, exercer com fidelidade esta missão que Jesus nos confiou. O padeiro também nos ensina a ser humildes, servir com alegria ... mas, ser aquele que serve, não significa dizer que você não é ninguém. Todos nós temos o nosso valor e somos muito especiais para Deus. Até mesmo o pior ser humano possui uma característica que o faz especial aos olhos de Deus: todos somos criados à imagem e semelhança de Deus. O Catequista deve ser, antes de tudo, aquele que serve, que ama, que vai ao encontro do outro, agindo como o próprio Jesus.

Estas foram apenas algumas das reflexões proporcionadas em nosso encontro, mas cada um pode tirar suas próprias conclusões a partir destas leituras e aplicar o seu aprendizado no dia-a-dia, tornando a sua missão cada vez mais leve e agradável aos olhos de Deus.

Agora, convido você a rezar a oração que fizemos ao final do encontro:

Aqui estamos Senhor, querendo ouvir, entender e praticar a tua palavra e partilhar a nossa. Ajuda-nos a crescer no diálogo e na compreensão, na caridade e na justiça. Tua Palavra, que é luz, ilumine nossos caminhos para construirmos uma nova história, com lugar para todos, com Igrejas unidas fazendo um mundo melhor para as pessoas e preservando a natureza.
Sabemos que somos pequenos diante da grandeza da missão a que nos chama. Mas contamos sempre com a tua graça, que tudo pode, e há de realizar as tuas promessas. Mostra-nos, Senhor, os teus caminhos, ensina-nos as tuas veredas, e alimenta a nossa perseverança na caminhada. Amém.

4 comentários:

  1. Oi Késia, me alegro ao ver que os catequistas estão começando a movimentar-se para enfrentar 2012...Amei a história do padeiro e me lembrei que também disse isso: "Não é ninguém, é fulano(a)" rsrsrs E já ouvi: "Como assim, eu não sou ninguém!!" E vai vc explicar, que não era ninguém que representasse perigo, ou um desconhecido...
    Senhor, fazei-nos humildes e servidores sempre!! beijus

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  2. Imaculada, você não é a única. Quem nunca falou a frase que o padeiro sempre ouvia? Felizmente fazemos parte daqueles que não falam com maldade. Triste mesmo, é ainda encontrar pessoas que falam como se realmente considerassem que ali, de fato, não é ninguém.

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  3. Como é bom refletir e saber que assim como o Mestre nos ensinou,devemos ter humildade no nosso coração, para servir com amor e devemos anunciá-lo essa é a nossa missão,um ano repleto das benção de Deus, abraços
    Cris Rover

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  4. Oi Kesia, vim comentar seu comentário rsrsrs, achei muito sábio sua forma de expressar seu modo de pensar sobre aquela reflexão das bananas, e hoje de manhã estávamos tocando nesse assunto no curso de pós-graduação que estou fazendo, só que lá o professor começou com uma outra história super interessante que depois vou ver se posto em meu blog e ele nos disse que o professor (no nosso caso catequistas) que trabalha sempre na mesmice, é a pessoa que não possui uma essência, e sabe qual essência é esta? O AMOR, por isso que conseguimos bons resultados e tudo graças ao AMOR.
    Tenha um ótimo fim de semana com paz e luzzzzzzzzzzzzzzzzz.

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